16 de julho de 2010
Congresso aprova divórcio direto
Dez coisas que você não deve fazer ao terminar um relacionamento
13 de maio de 2010
"Causos" dos Descasados: A planilha
Os "causos" dos Descasados são aquelas histórias que ouvimos da boca de um ou de outro no ponto de ônibus, numa mesa de boteco, enquanto assistimos a uma partida de bilhar, no aconchego do trabalho, na fila do mercado, do banco ou da farmácia e que eu ultimamente venho colecionando para recontar, com licença poética, claro. Já que não estava lá para ver e "quem conta um conto sempre aumenta um ponto", já peço desculpas ao leitor se não for fiel a todos os pormenores dos fatos, mas tentarei assim mesmo contar o "causo"! E quem nunca ouviu uma história escabrosa de separação? Não precisa ser fim de casamento não. Separação, de um jeito ou de outro, é sempre a mesma coisa e traz algum dano, seja psicológico ou financeiro. No caso do protagonista do nosso "causo" de hoje, acredito que os danos foram duplos, amplos e irreversíveis!
Os dois formavam um casal como outro qualquer. Chamavam-se através de apelidos melosos e no diminuitivo. Ele era seu chuchu, ela era seu bombonzinho. Saíam juntos, frequentavam restaurantes e de vez em quando, mesmo tendo a casa para o aconchego das carnes, ela sugeria "meu bem, vamos a um lugarzinho diferente hoje?". Ele a adorava. Tão carinhosa, tão chameguenta... A única coisa que o Zé estranhava era a obsessão que a mulher tinha em sempre que chegava em casa, depois de uma saída, ligar o computador e abrir a planilha do Excel. "Meu bem, o que é que tanto você anota nesta planilha?". "Ah, meu amor, eu paguei caro meu curso de informática. Por isso não posso perder o treino". Acreditando que a mulher só era acometida por um leve Transtorno Obsessivo Compulsivo, o Zé logo esquecia da esquisitice da Maria.
Um dia, no entanto, a Maria falou para o Zé que precisava de uma quantia para inteirar o valor de um carro, que ela pensava em comprar. O Zé, dispondo do dinheiro na conta, emprestou à Maria. A mulher neste dia fez um cafuné mais longo no namorado, agradeceu o mimo e, no dia seguinte, comprou finalmente o automóvel.
Tempos depois, a Maria começou a ficar esquisita, distante, cada vez mais anotava coisas na planilha do Excel, tinha mais enxaquecas do que um ser humano com traumatismo craniano, até que, por fim, resolveu pegar sua mala e deixar o Zé de vez. O encanto acabou, os sinos celestiais já não eram ouvidos, e lá se foi Maria para nunca mais voltar.
Zé passou vários dias cabisbaixo, deixou a barba crescer pois nem tinha forças para levantar o seu aparelho de barbear, bebeu, passou dias sem tomar banho, entornou latas e latas de leite condensado, até que acordou num sábado decidido a começar a vida na segunda-feira. Iria esquecer Maria, cair na farra e jurou nunca mais amar outra mulher, as mesmas promessas que havia feito nos 5 relacionamentos anteriores, quando tudo acabou. No entanto, havia uma pendência entre ele e a ex, que nada tinha haver com corações partidos e músicas bregas. Maria lhe devia dinheiro e ele agora iria cobrar.
Decidido, barbeado, besuntado de hidratante, Zé marcou um encontro com Maria para uma última conversa. Ela relutou, disse que não tinha mais nada para conversar com o rapaz, mas aí ele sutilmente disse que algumas de suas fotos, vestindo apenas uma calcinha comestível daquelas bem bregas, iria parar na internet, se ela não comparecesse ao encontro. Horas mais tarde, aparece a moça. Zé foi curto e grosso, certeiro como uma topada no pé do sofá: "Quero meus 15 mil de volta". "Como?". "Quero meus 15 mil de volta, o dinheiro que te emprestei para comprar o carro". "Ahn, você está falando dos 2 mil que eu te devo, né?". "Não, minha cara, são 15 mil. Eu tenho o comprovante de depósito". "Olha, desculpe, são 2 mil pelas minhas contas". "Mas, mas, mas, como assim?". Neste momento, Maria saca de dentro de sua maletinha rosa alguns papéis e entrega para o Zé. "Dê uma olhada". "O que é isso?". "Isso, meu amor, é a relação de todos os gastos que tive com você ao longo do tempo que passamos juntos. Contas, motel, camisa de marca, perfume importado que te dei, seu jantar de aniversário...". "Você é louca?!!!". "Não, sou prevenida". Lá estavam, devidamente calculados, em uma planilha de Excel, todos os "gastos" que a Maria havia tido com o Zé naqueles meses. Ele em choque. Maria triunfante. "Pode conferir. Tá tudo aí. Só te devo 2 mil". Antes que o rapaz, ainda atordoado, como se uma manada de búfalos no cio tivesse passado por cima dele, dissesse alguma coisa, Maria desferiu o último golpe, sem precisar nem de adaga, nem da espada de Excalibur. "São 2 mil e te pagarei em 3 vezes sem juros. Ok? Adeus e boa tarde!". E saiu, balançando os cabelos recém escovados, acreditando que as aulas de informática valeram sim a pena.
Os Descasados
9 de maio de 2010
DVDteca dos Descasados: Descasada
O impulso que Molly recebe com o fim do casamento acaba sendo positivo e a faz viver de uma forma mais autêntica, diríamos assim. O estímulo que a personagem recebe para buscar seus próprios caminhos, em vez de simplesmente desfrutar da posição que ocupava, faz com que ela descubra aos poucos que tem condições de se virar sozinha. Se por um lado, o filme traz a mensagem embutida de superação, por outro, mesmo timidamente, acaba tocando em pontos como casamentos baseados em contratos sociais e não no sentimento que une as pessoas. Molly tinha regalias garantidas com o casamento e seu marido tinha praticamente uma peça de vestuário para eventos sociais, que era sua esposa. No fim das contas, não há vítimas quando infelizmente um casamento é estruturado no que um pode oferecer ao outro, deixando o amor em segundo plano.
Fica a dica então do filme Descasada, uma comédia romântica para tardes chuvosas de sábado!
6 de maio de 2010
Casais que se separariam na literatura se os autores terminassem de contar a história (Parte II)
Apesar de nossos autores funcionarem quase sempre como um misto de cupido, padre ou juiz de paz, juntando nas páginas dos livros os casais amorosos até que a morte os separe, a história nos dá sempre brechas para descobrir quem consegue ser resiliente e ir até o fim ou quem pula do barco, antes mesmo que este afunde, sem levar em conta mulheres e crianças. Se o barco tiver complexo de Titanic, sem dúvidas irá a pique.
Dentre os casais que cuidadosamente selecionei e que nem por intervenção divina conseguiriam ficar juntos, caso seus criadores não tivessem dado um jeito neles antes de acabar a história e vê-los imersos na rotina diária, estão:
- Peri e Ceci: O casalzinho, criado pela mente obcecada do José de Alencar, que resolveu antecipar em sua literatura a moda da trilogia, com O Guarani, Iracema e Ubirajara, é composto por um índio, o bom selvagem Peri e a mocinha loira, frágil e delicada, Ceci. O índio, já pra lá de catequisado, vê em Ceci a imagem da virgem Maria. Ceci vê no índio devoção e muita pele exposta. Os dois até que chegaram vivos ao fim da história depois de uma enchente, mas não dariam certo se Alencar resolvesse contar o que aconteceu depois da terra secar e deles descerem da árvore, onde ficaram esperando a água baixar. O casal não ficaria junto por causa exclusivamente de Ceci. A garota, moça de família, virgem de todos orifícios e imagem-semelhança da virgem Maria, não havia sido instruída pela sua mãe sobre os deveres de uma mulher na noite de núpcias. Atrás das moitas, sem champagne, lareiras e pétalas de rosas, Peri mostraria a Ceci sua lança de herói medieval tupiniquim. Ceci, assombrada e sem saber o que fazer com aquilo, sairia correndo pelas matas fechadas, até cair em um buraco cheio de areia movediça e morrer sufocada,. Enquanto isso, Peri fundaria a nação brasileira com uma degradada qualquer que viesse de Portugal, entocada nos parões de algum navio;
- Zeus e Hera: Diretamente do Monte Olimpo, temos este casal, que atravessou o tempo e ainda é lembrado nos dias de hoje. Hera e Zeus eram irmãos e se casaram no tempo que incesto era considerado algo banal. Todo mundo casava com irmão, seduzia a mãe, era uma verdadeira orgia a céu aberto. Depois, a culpa cristã chegou e na Idade Média eles ficaram esquecidos por um tempo, voltando só depois no Renascimento. Zeus e Hera, apesar de serem deuses poderosos, eram acometidos pelas mesmas falhas humanas. Zeus era um galinha, que colecionava amantes em cada esquina da Terra e Hera se comportava como toda mulher traída, sendo deusa ou mortal... Subia nas tamancas, dava escândalo, perseguia as amantes do marido, fazia greve de sexo, mas não admitia o divórcio. No caso deles, separação seria difícil. Nenhum dos dois abriria mão dos confortos do Olimpo e da ambrosia, logo viveram infelizes para sempre, separados em casa, unidos apenas pelos laços do matrimônio. Dizem que até hoje Zeus se fantasia de animais e procura mulheres adeptas da zoofilia, enquanto Hera assiste as reprises de Desperate Housewives;
- Bentinho e Capitu: Em Dom Casmurro, Machado de Assis resolveu não perder tempo e já deu cabo do casal, antes mesmo que a relação se desgastasse ainda mais. A história ficou famosa e é referência até hoje porque ninguém sabe se Capitu realmente transformou seu adorado Bentinho em um alce, traindo-o com seu melhor amigo, Escobar. Ninguém sabe se: Capitu resolveu dar uma variada no cardápio; se Bentinho assistiu demais o Sexto Sentido e começou a ver coisas demais; se Escobar e Bentinho eram mais que grandes amigos, enfim... "há mil maneiras de se preparar Neston... invente uma!". Ninguém sabe, ninguém viu. O que se sabe é que o casal não daria certo, mesmo que o Machado de Assis resolvesse dar outro fim à história, não causando assim tanto estardalhaço, o que obviamente não tornaria o romance um cânone de nossa literatura. O que sabemos é que de um jeito ou de outro, Bentinho, tendo razão ou não de sua desconfiança, acabaria com o casamento por causa da insegurança, o que geraria discussões intermináveis, noites dormidas no sofá, muita música sertaneja, entre tantas manifestações de descontrole emocional. Não tem jeito. Este casal foi fadado, na literatura universal, a pegar cada um o seu caminho.
DVDteca dos Descasados: Antes só do que mal casado
29 de abril de 2010
Sinais de separação
Quando um casal já está mais pra lá do que pra cá, quase cruzando o Cabo da Boa Esperança e quando esta, a esperança, se debate, esperneia, nada "cachorrinho" até finalmente afundar e "glub glub", a separação acontece. Muitos casais preferem ignorar os sinais, mesmo quando eles aparecem no meio de uma plantação de milho, como naquele filme do Mel Gibson. Os sinais geralmente nunca são discretos, mas o ser humano sempre cria mecanismos para não enxergá-los, como amnésia seletiva, problemas cognitivos e cegueira coletiva.
Os Descasados
27 de abril de 2010
Festa do divórcio
As festas de divórcio começaram a acontecer para celebrar ou exorcizar o fim de um relacionamento que não deu certo. Por mais que muitos achem que a iniciativa é de um tremendo mau gosto, acredito que é uma forma de lidar com o fim de uma forma mais leve, bem humorada e menos rancorosa.
26 de abril de 2010
Separação de bens
19 de abril de 2010
DVDteca dos Descasados: O amor custa caro
17 de abril de 2010
Casais que se separariam na literatura se os autores terminassem de contar a história
- Tarzan e Jane: Mesmo que todos achem bonitinha a história do homem macaco e da mocinha da cidade, sensual, cheia de paisagens selvagens e estimulantes, o casamento dos dois não daria certo por dois motivos: a Jane não estava mais satisfeita em dividir seu homem com uma macaca e ménage a trois para ela estava fora de cogitação, além disso Jane vira e mexe, no íntimo, achava que Tarzan era um tanto quanto provinciano, rude, sem classe e nem sabia pegar em talheres! Resultado: não dariam certo. Motivo da separação: zoofilia do Tarzan e sua ausência nas aulas de etiqueta;
- Romeu e Julieta: Shakespeare foi bacana com os dois jovens. Vendo que o casal, na flor da idade, não aguentaria ter que lidar com birras de família, deu cabo dos dois e deixou o encontro dos pombinhos a cabo da eternidade. Se Romeu e Julieta continuassem vivos, se casassem, tivessem filhos, fatalmente se separariam anos depois porque Julieta viveria batendo boca com a sogra, enquanto Romeu, tendo se casado muito jovem, acharia que estava perdendo seus áureos anos e consequentemente seria flagrado, diversas vezes, escalando outras janelas, que não eram as janelas de sua Julieta. Resultado: eles não dariam certo. Motivo da separação: Incompatibilidade de gênios entre Julieta e a sogra e a galinhagem de Romeu. Então... Veneno neles, Shakespeare!;
- Branca de Neve e o príncipe encantado: Este casal não daria certo por um motivo simples, ou melhor, por dois motivos simples. 1) O príncipe fatalmente um dia acharia que Branca de Neve havia realmente morrido, devido às suas constantes crises de catalepsia, a enterraria viva sem saber e, anos mais tarde, quando fossem abrir o caixão, veria unhas cravadas na tampa; 2) O príncipe, apaixonado no início da relação, atende a todos os pedidos da amada, inclusive permite que Branca de Neve leve, na maior cara de pau, todos seus amantes para casa: os sete anões. Resultado: o príncipe, no auge da sua dor de corno, ouvindo Amado Batista e cantando "Princesaaaaa, a musa dos meus pensamentos", surtaria de dor e acabaria no sanatório do reino encantado. Resultado: eles não dariam certo se a história avançasse além do "e eles foram felizes para sempre...". Motivos da separação: "morte natural" ou adultério, resultado das orgias frequentes da Branca de Neve com os sete anões.
Manu Chao - La Vida Tombola
16 de abril de 2010
Descasados: comportamento padrão (Parte II)
- Ao contrário dos homens, as mulheres descasadas, quando saem de casa, voltam armadas, alguns minutos depois, com um rolo de macarrão para dizer "ei, seu canalha, é você que tem que sair!". O homem descasado então sai cabisbaixo e vai morar com as opções que listei no post anterior;
- As mulheres separadas, depois de um fim de semana enfiadas em casa, com um pote de sorvete, filmes da Bridget Jones, travesseiros de estimação cheios de ácaros, decidem, depois de assistir a reprise de todos os programas que milagrosamente transformam filhotes de cruz credo em mulheres graciosas, que é hora de mudar. Neste momento, representantes de spas, clínicas de cirurgia plástica e salões de beleza batem, misteriosamente, em suas portas;
- Sempre, sempre na segunda-feira, a mulher descasada, com vários panfletos em mãos, decide passar pela recauchutagem total. Joga todos os pijamas furados, calcinhas da vovó, moletons fubabentos pela janela, com olhos cheios de fúria. Decide começar a semana com a dieta da lua, marca lipoaspiração, implante de silicone (no mínimo algo no top da Pamela Anderson), pintar o cabelo de loiro e entrar para o mundo fitness de vez;
- A mulher separada faz plástica, põe silicone e depois desespera-se quando vê que a coluna começa a chiar e o umbigo foi parar nas costas. Pelo menos a conta será passada no cartão de crédito do ex;
- O exemplar feminino dos descasados decide investir em carreira acadêmica, bebe Dry Martini, assistindo A Usurpadora e agora parte do seu dinheiro é empregado em calcinhas de fio dental e espartilhos;
- Algumas mulheres descasadas, não todas, acreditam que há uma nova profissão surgindo timidamente no mercado: a de ex-esposa;
- As mulheres descasadas compram um exemplar de As mentiras que os homens contam do Luís Fernando Veríssimo e carregam, orgulhosas, debaixo dos braços, enquanto equilibram as compras, o filho pequeno no colo e a foto do ex com uma dessas meninas fitness, que ela, a mulher separada, cruzou outro dia na bicicleta da academia;
- A mulher descasada, quando abandonada pelo ex, é vítima. A mulher descasada, quando abandona o ex, é vítima... dos hormônios, da TPM, das terapias Freudianas, da inveja do pênis, do futebol e do encanador, que vivia dando jeito no chuveiro de casa, que sempre insistia em quebrar;
- As descasadas, neste momento, achando que sou machista, tentam por a porta daqui de casa abaixo com seus exemplares recém adquiridos da obra de Simone de Beauvoir;
- Uma mulher descasada, neste momento, treme e pensa em como pular a janela sem quebrar a unha, já que suas companheiras, sem barba, ainda esmurram a porta. Esta mulher... sou eu!
Diferença entre separação e divórcio
Os Descasados
15 de abril de 2010
Separação?! Nova série assinada por Fernanda Young e Alexandre Machado
(Episódio 1 da série Separação?! - Parte I)
- Horário de exibição da série Separação?!: 23h15.
- Emissora: Globo.
Descasados: comportamento padrão (Parte I)
- O homem separado, quando sai de casa, vai morar: a) sozinho; b) com os amigos igualmente descasados; c) com o cachorro; d) com a mãe; e) com a outra;
- O homem separado, já perfeitamente instalado em seu novo lar, tem prazer em ver que na cozinha não há paninhos cobrindo o fogão, o liquidificador, o botijão de gás; larga a toalha molhada em cima da cama e ri triunfante; fica feliz por ter um colchão e um microondas e só maldiz de não ter uma geladeira e um cortador de unhas;
- Ele, o homem descasado, aguarda ansiosamente pela sexta-feira para sair com os amigos, mas descobre que a maioria deles ainda está casado, então acaba indo para a bodega perto do trabalho e voltando bêbado para casa sozinho;
- O exemplar masculino da raça humana compra um carro porreta em 60 vezes, paga no fim o dobro do valor do automóvel, mas, por estar fora do mercado há algum tempo, pensa que esta é a única forma de conseguir atrair o sexo feminino novamente para sua órbita;
- O homem separado tira do armário aquela blusa de poliéster da década de 70, vai à boate da moda de sua cidade e não entende por que motivo os passinhos do John Travolta já não fazem mais sucesso como antigamente;
- O descasado do sexo masculino é facilmente identificado pelas camisetas e calças amassadas, pelas cuecas vestidas pelo avesso e pelas manchas de miojo;
- O homem separado acha que o queijo prato mofado na geladeira (quando ele finalmente consegue comprar uma, depois de pagar a pensão à sua ex) é gorgonzola;
- Descasado que se preze é conhecido na maioria das redes de delivery de sua cidade pelo nome e sempre que o telefone toca, já gritam para a cozinha "o de sempre";
- O homem descasado vai ao cinema para assistir a 10ª filmagem de Velozes e Furiosos e usa uma mão para a cerveja e a outra para um pedaço de bacon;
- O homem separado come bacon, mas faz ficha na academia do bairro;
- O descasado da ala masculina nunca sabe onde enfiou a carteirinha do convênio, isso sem saber que a ex já cancelou tudo antes. Ele então sente uma dor fina na região do peito, sem lembrar que comeu no jantar salada de repolho e a quentinha da feijoada do sábado, que a mãe separou para ele na tupperware;
- Um homem separado é um sobrevivente!
Os Descasados
14 de abril de 2010
DVDteca dos Descasados: O Passado
A dica de hoje da DVDteca dos Descasados é o filme O Passado, de 2007, com direção de Héctor Babenco, que conta, em seu elenco, com nomes como Gael García Bernal e Paulo Autran. A produção é do Brasil e da Argentina.
Os Descasados e Lavoisier
Hoje muito se fala em reciclagem. A latinha usada vira outra latinha ou uma bolsa futurista. A garrafa pet vira uma árvore de natal no fim de ano. O papel reciclado é produto de papéis que nem quero saber por onde passaram e a vida continua. Sem querer nos comparar a garrafas pet da Coca-Cola, cá estamos nós, pessoas politicamente corretas, sendo fiéis ao que Lavoisier um dia, majestosamente, afirmou: “Na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma”. Lavoisier era um tiozinho sábio!
As pessoas casam. Sim, as pessoas casam. Fazem listas de convidados, contratam buffet, encomendam bolo, trocam alianças de dedo. Vão para a lua de mel, se endividam até as orelhas, fazem dieta para caber nas roupas, porque comeram demais nas degustações do buffet do casamento. No dia da cerimônia, não comem nada e ainda saem em um carro besuntado de pasta de dente com latinhas penduradas no para-choque (tá vendo? Até no casamento as pessoas se preocupam com a reciclagem!). Momento único! Todo mundo que casa (pela primeira vez) diz que vale a pena cada centavo gasto na cerimônia e nada mais otimista ou assustador que ouvir o padre, pastor ou juiz dizer a célebre frase: – “Até que a morte os separe!” (e todos dizem que neste momento é ouvido o som tenebroso de um Órgão ao longe).
Assustados ou motivados com a sentença (e sentença neste caso pode ser entendida de duas formas: ou uma frase ou um castigo), os noivos saem felizes, contentes e saltitantes para a promessa edênica de uma vida a dois. O tempo passa e os caminhos se bifurcam. Há os casais que realmente, por perseverança ou por amor em doses extras, vivem juntos até o fim de suas vidas, quando um morre do coração e o outro de cirrose. Há outros casais, no entanto, que acabam a história bem antes do infarto fulminante ou da bebedeira excessiva, ao som de Maísa, que sempre repete que seu mundo caiu.
Não há pessoas mais politicamente corretas que os descasados. Os descasados fazem parte de uma raça evoluída, necessária para a manutenção da espécie humana. Os descasados geram renda para os advogados e trabalho para os juízes; aquecem o mercado imobiliário, seja o de venda ou locação de imóveis; aquecem o mercado de móveis, eletrodomésticos, automóveis (já que um dos cônjuges sempre acaba ficando com o carro do casal); fazem a festa das clínicas de estética, salões de beleza, de terapeutas e afins, por fim aquecem também a indústria farmacêutica, que nunca deve ter vendido tanto ansiolítico e antidepressivo como ultimamente.
Depois de listar todas as possíveis benfeitorias que um descasado (a) apresenta à sociedade, não poderia deixar de destacar a principal… Quando o mundo é presenteado com os descasados, Lavoisier é lembrado novamente. “Na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma”. Um casal que se separa equivale a duas possibilidades a mais na sociedade para pessoas que estejam solitárias e carentes. Aquela velha lamentação de que os bons partidos (mulheres e homens) estão todos casados está mudando, assim como um dia a conexão foi discada e hoje é banda larga. Os descasados estão voltando ao mercado. Livres, leves, uns mais soltos, outros nem tanto. Os descasados são mais experientes, vividos e já descobriram o segredo das páginas seguintes dos contos de fadas. Eles viveram felizes para sempre? Uma cortina se abre e ao longe vemos mulheres com bobbies e homens com barrigas de chopp. Sim, eles sabem segredos. Os descasados estão prontos para voltar ao mercado, fazer a alegria dos desiludidos e atestar que em dias como hoje a reciclagem atinge a todos! O casado de ontem, descasado hoje é a possibilidade de amanhã! Buffets, imobiliárias, estamos de volta!
Os Descasados